terça-feira, 1 de maio de 2012

Considerações sobre a influência ou não destes filósofos na Educação atual


No campo da educação, as teorias surgem e ressurgem, as experiências se sucedem, mas muitas idéias ainda permanecem, mesmo que de maneira parcial, influenciando novas práticas. O grande filósofo Sócrates, apesar de não ter deixado uma linha escrita , suas idéias tiveram  enorme impacto no mundo ocidental. Suas influências na educação são marcantes. 
Segundo Hubert (1967, p 199) para Sócrates “...a educação é coisa inteiramente diferente de uma socialização, da integração de um espírito num sistema de crenças feitas e estranhas à ele ...”, e completa afirmando que “... toda educação verdadeira é auto-educação, cujo fim é permitir ao ser encontrar-se a si mesmo ...”. Percebe-se aqui a preocupação com a formação do indivíduo como um todo, ou seja, de maneira holística, não apenas a educação através da simples transmissão do conhecimento de quem ensina ao que aprende. Nesse contexto, a educação deve trazer, além do conhecimento, o crescimento interior.
O maior discípulo de Sócrates, Platão, defendia uma sólida formação básica, que evoluía a elevados estudos filosófico. Para se chegar a esse nível de educação é necessário passar por uma educação básica, preparatória, onde o indivíduo deveria desenvolver de forma harmoniosa o espírito e o corpo. Analisando esses conceitos de forma mais aprofundada, percebemos que Platão já previa o que atualmente a ciência comprova. O desenvolvimento harmonioso do corpo e suas capacidades, ou seja, a psicomotricidade, tem uma enorme influência no desenvolvimento cognitivo, o que se traduz em melhor aprendizagem. Para
Fonseca (1996) as atividades desenvolvidas na escola como a escrita, a leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, e os movimentos estão ligados à evolução das possibilidades motoras, portanto, as dificuldades escolares estão diretamente ligadas ao aspecto psicomotor.
Platão acreditava que a educação das pessoas, ou seja, a aquisição de conhecimentos seria possível controlar certos instintos, como a ganância e a violência. Daí podemos refletir sobre a educação que a escola proporciona. É preciso educar o indivíduo para aumentar seus conhecimentos, mas é preciso que essa educação seja oferecida somada à valores éticos e morais, somente assim temos uma educação consistente. Platão foi o primeiro a pensar no ideal da escola pública. Segundo Ferrari (2006, p. 13), “Baseado na idéia de que os cidadãos que têm o espírito cultivado fortalecem o Estado e que os melhores entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade estatal ...”.
Encontramos aí a origem da idéia da escola pública , que hoje é uma realidade, porém se distancia dos ideais defendidos por Platão.
Discípulo de Platão, Aristóteles defendia que a educação é superior às leis e o circulo da ciência humana se concentra na educação. Para o filósofo, a virtude deveria ser praticada para que o indivíduo se tornasse virtuoso. Toda educação deve ser pública e direcionada para a virtude. Aos 53 anos fundou sua própria escola em Atenas, assim como Durant (1996, p. 72) relata:
“... foram tantos os alunos que ocorreram que se tornou necessário estabelecer regras complicadas para manter a ordem. Os próprios estudantes determinavam as regras e elegiam , a cada dez dias, um deles para supervisionar a escola. Mas não devemos pensar que ela fosse um lugar de disciplina rígida; ao contrário , o relato até nós é de estudantes fazendo refeições em comum com o mestre e aprendendo com ele enquanto passeavam de uma ponta a  outra ...”.  (Durant, 1996, p 72)
É claro que todo educador sonha com uma escola os estudantes pudessem colaborar sem precisar para isso a exigência de uma disciplina rígida. Mas por outro lado, o que se relata sobre a escola de Aristóteles e sua proximidade com os estudantes, percebemos que  na  escola de nosso tempo, e em nossa cultura (do Brasil) os resultados são mais efetivos quando o professor diminui a distância entre “mestre e aprendiz”, ou seja, o aluno deve confiar noeducador e para isso a relação deve ser harmoniosa, valorizando os laços de amizade e , quebrando a barreira que coloca o professor como aquele que somente obriga, exige e castiga.
Já na idade média, o teórico de maior destaque e influência foi Santo Agostinho, que afirmava que o homem só teria acesso ao conhecimento se iluminado por Deus. A respeito da pedagogia, escreveu a obra A Doutrina Cristã, onde , em primeiro lugar se destaca,  a importância do conhecimento para a leitura da Bíblia.   Em sua obra Cidade de Deus, afirma que o homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade (Pessanha, 1996, p. 12). Em toda sua vida , Santo Agostinho defendeu a educação através da religião, voltada aos conceitos cristãos.
Já para o holandês Erasmo de Roterdã, a educação deveria ser desvinculada da igreja.
Durante toda a idade média, a influência religiosa se fez presente sem nenhuma contestação, porém, Erasmo, mesmo sendo profundamente cristão, não concordava que todo saber deveria estar totalmente ligado à religião, como descreve Hubert (1967, p. 218):
“Erasmo estabelece desde logo que o mestre deve possuir saber universal, o ciclo inteiro da ciência, todos os escritores de todos os gêneros ede todas as especialidades, nos quais estudará filosofia, teologia , mitologia, cosmografia, história e ciências naturais. Para o aluno, é certo, far-se-á escolha com discernimento, para o não por em contato senão com as meçljores obras do passado, as mais cheias de significação moral e de encanto literário”.  (Hubert, 1967, p. 218)
O filósofo mostrou a importancia da leitura para a aquisição do saber. Através dela, o indivíduo pode conhecer todo conhecimento acumulado ao longo da história. Uma de suas frases mais célebres é: “ninguém pode escolher seus pais ou pátria, mas cada um pode moldar sua personalidade pela educação”. Isso é o que acreditamos e trabalhamos para isso, afinal, realmente, a educação é fundamental na formação da personalidade do indivíduo. Essa educação tem que ser completa, ou seja, estrutura básica dada pelos pais, a educação da escola que, além do conhecimento, deve se preocupar com os valores morais, e por último, a educação do conhecimento geral, que é vivenciado.
Seguindo a linha de Erasmo de Roterdã, o alemão Martinho Lutero foi responsável pela reforma protestante. Contrário ao domínio da igreja sobre a educação e formação dos cidadãos, Lutero lutou incansavelmente para uma reforma no sistema de ensino, no que originou a nova escola. De acordo com Barbosa (2007, p 163), Lutero defende  “... uma educação escolar cristã que apresente uma nova organização em relação à : currículos , métodos, professores, forma de financiamentos e manutenção das escolas”. A escola deve ser para todos e mantida pelas autoridades públicas, organizadas em 3 ciclos, fundamental, médio e superior, tal qual temos hoje. Seu legado se estende até os dias de hoje.
Sob a influência e auxílio de amigos e colaboradores, Lutero toma a frente a luta por uma reforma no sistema de ensino da época e orienta como o sistema escolar deveria ser organizado, preocupando-se com questões como, o que deveria ensinar às criança e jovens, a maneira como esse ensino seria ministrado, quem finaciaria a escola, a qualidade e conhecimento dos mestres. Barbosa (2007, p. 167) ainda coloca que “Lutero requer a criação de escolas que tenham a Bíblia como centro do ensino e que formem bons cristãos para atuarem na sociedade ...”.  
Apesar se sua insatisfação com o sistema de ensino alemão, o que pode-se considerar o fator de maior importancia, que desencadeou sua reforma, foi a venda de indulgência pela igreja. A liberdade para interpretar a Bíblia tornou-se, também, um dos pilares da reforma protestante que valorizou a alfabetização e o conhecimento das línguas (Ferrari, 2006, p. 29).
Em relação à educação de crianças, a visão filosófica de John Locke, considera como aspecto importante entendê-las como uma tela em branco, não dotadas de conhecimentos prévios e que podem e devem ser trabalhadas convenientemente através das informações e vivências, das quais seriam facilmente absorvidas de maneira previsível e passiva. Para isso são indispensáveis a prática da tolerância e uma visão liberal do mundo. No seu papel de pedagogo, John Locke estabelece uma nova ordem na arte de educar crianças, as quais são dotadas de motivação natural para o aprendizado. O conhecimento deve ser oferecido de modo convidativo, com jogos, por exemplo. Analisando as teorias de Locke, em primeiro lugar, é fácil perceber que realmente é fato que a mente das crianças está “em branco” para receber todo o aprendizado, e que, aquilo que colocamos para ela de maneira que lhe proporcione prazer, tem grandes chances de se tornar um excelente meio de aprendizado. 
Seguindo a visão de Locke, com relação ao conhecimento oferecido de maneira agradável, como o jogo, o alemão Friedrich Froebel, considerava a educação infantil indispensável para a formação da criança. Para ele os brinquedos, a música, as aulas ao ar livre formariam os elementos ideais para o desenvolvimento completo da criança. As brincadeiras de roda, onde elas brincam, cantam e dançam, são ideais para envolver os aspectos mental e emocional, elacionados com o aprendizado. Froebel foi o fundador dos jardins de infância.
Não há como falar em educação sem citar uma das figuras mais importantes na idealização do construtivismo, Jean Piaget. É o “método” mais utilizado nas escolas atualmente. Na teoria piagetiana, o sujeito (aluno) é um ser ativo que estabelece relação com o meio (objeto) de tal forma que as relações vivenciadas e significativas proporcionam um meio adequado à assimilação do conhecimento. A idéia é que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo na sua relação com o meio em que vive, ao contrário, responde aos estímulos  externos interagindo de forma a construir o seu próprio conhecimento. Piaget considera que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como a maturação, exercitação, aprendizagem social e  equilibrarão. A escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança, através de atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reeqüilibrações sucessivas para a construção do conhecimento.
Em suas teorias, Piaget critica o modelo tradicional de ensino onde o aluno é o sujeito passivo, que deve atingir o conhecimento de forma a assimilar pela simples repetição, o que chamamos hoje, popularmente, de “decoreba”. E também é critico dos modelos de avaliação tradicionais, onde o professor aplica testes para medir o nível de aprendizado do aluno. Para ele, a melhor maneira de se avaliar é a relação do professor com o aluno no dia-a-dia, o que dá a possibilidade de estar constantemente analisando as crianças dentro daquilo que foi proposto nas aulas através de uma análise sem que o aluno se sinta pressionado pela própria avaliação em si. Considera que o melhor seria:
“... comparar os resultados das escolas que não realizam provas, onde o valor dos estudantes é avaliado pelos professores em função do trabalho realizado ao longo do ano, com os obtidos nas escolas regulares, onde a perspectiva dos exames finais pode deturpar o trabalho não só dos alunos como também dos professores”. (Piaget, 1970, p.7 apud Pulaski, 1986, p. 202)
Entramos aí numa polêmica discussão: avaliar ou não avaliar nossos alunos através de provas? Não é difícil concordar com as teorias de Piaget quanto a forma de se avaliar. A prova , muitas vezes não consegue medir o real nível de aprendizado. Sabemos que só o fato de ser avaliada já causa uma certa tensão na criança, o que certamente pode prejudicar o verdadeiro resultado. A avaliação periódica, ao longo do ano, através da simples observação diária do seu aluno, pode ser mais satisfatória se considerarmos que ele estará sendo avaliado diariamente, sendo possível também a ação do professor no processo da aquisição do conhecimento, o que se traduz em não avaliar o aluno apenas ao final de um período (bimestre, semestre ou ano) para saber o que ele aprendeu. Agora é que entramos na questão polêmica. Nossa sociedade avalia a capacidade dos indivíduos através de provas e testes. O sistema de vestibular, concursos públicos são alguns exemplos disso.

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